Sobre as diferenças na sadhana de cada um
As advertências da Mãe a você em relação a não ser desejável muita conversa,
tagarelices e mexericos, auto-dispersão social, era inteiramente significativa e
procedente; quando você é indulgente nessas coisas, você se lança em uma
consciência muito pequena e ignorante, na qual seus defeitos vitais tem livre
ação e isto tem grande chance de lançar você fora daquilo que você desenvolveu
em sua consciência interior. É por isso que eu disse que se você sentiu uma
reação contra essas coisas quando você esteve com X, isto era um sinal de sua
sensitividade psíquica vindo a você – a seu ser vital e nervoso, e nós queríamos
dizer que tudo isto era para o bem. Mas ao lidar com os outros, ao recolher-se
dessas coisas, você não deve permitir qualquer sentido de superioridade ou
desaprovação ou condenação ou pressão para que eles mudem. É para sua
necessidade pessoal interior que você se recolhe dessas coisas, e isto é tudo.
Em relação a eles, o que eles fazem nessa questão, certo ou errado, é problema
deles, e não nosso; nós iremos lidar com eles de acordo com o que nós vemos como
necessário e possível para eles naquele momento, e para aquele propósito nós
podemos não apenas lidar muito diferentemente com pessoas diferentes, permitindo
para um o que nós proibimos para outro, mas nós podemos lidar diferentemente com
a mesma pessoa em diferentes momentos, permitindo ou mesmo encorajando hoje o
que nós iremos proibir amanhã. O caso de X é muito diferente do seu, pois não há
nenhuma semelhança na natureza de vocês. Eu disse aquilo a você, ou algo
semelhante, há muito tempo atrás e eu enfatizei em minha carta a X que o que
deve ser a regra para mim ou para Y não era para ser aplicado ou não deveria ser
aplicado neste caso. Fazer de outro modo seria criar dificuldades em sua sadhana
e não torná-la mais fácil ou rápido para ele. Eu também disse a ele muito
claramente em minha carta que a tentativa de se encontrar e estar com outros – o
que na vida humana ordinária é tentado em contatos sociais ou outros – deve ser
realizado no yoga em outro plano de consciência e sem a mistura mais baixa, por
uma unidade mais alta com todos em uma base espiritual e psíquica. Mas a
maneira, o tempo, a ordem dos movimentos pelos quais isto é feito, não precisa
ser o mesmo para todos. Se ele tentasse forçar a si próprio, isso poderia levar
a melancolia, desesperança, e um movimento artificial que poderia não ser o
verdadeiro caminho para o sucesso. Uma alma e natureza humana não pode ser
lidada com um conjunto de regras mentais aplicáveis a todo mundo da mesma
maneira; se isso fosse assim, não haveria nenhuma necessidade de um Guru, cada
um poderia fixar sua tabela de regras yóguicas diante de si, como as “regras de
exercícios de Sandow”, e segui-las até que ele se tornasse um perfeito Siddha!
Eu falei muito de maneira a levar você a compreender porque
nós não lidamos da mesma maneira com X e com você ou com outros. A tendência em
tomar o que eu coloquei para uma pessoa e aplicar sem discriminação a outra é
responsável por muito engano. Uma colocação geral também, verdadeira em si
própria, não pode ser aplicada a todos indistintamente ou aplicada agora e
imediatamente sem consideração de condição ou circunstância de pessoa ou tempo.
Eu posso dizer genericamente que trazer a supramente para baixo é minha meta no
yoga ou que para fazer isso, deve-se primeiro elevar-se acima da mente para a
sobremente, mas se, baseado nisso, todo e qualquer um começa tentar puxar para
baixo a supramente ou forçar seu caminho imediatamente da mente para a
sobremente, o resultado seria um desastre.
Portanto, ocupe-se com seu próprio progresso e siga o que a
Mãe coloca para você. Deixe os outros fazerem o mesmo; a Mãe está lá para
guiá-los e auxiliá-los de acordo com a necessidade e a natureza deles. Não
importa nem um pouco se o modo que ela segue com eles parece diferente ou mesmo
oposto àquele que ela toma com você. Aquele é o certo para eles assim como este
é o certo para você.
Letters on Yoga – Part Four
Fourth Edition: April, 1974
Sri Aurobindo Ashram Trust, 1971
Pg. 1330-1333
A Transformação do Vital