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EQUANIMIDADE
A Síntese do Yoga, Parte IV, capítulos 11, 12 e 13 - Sri Aurobindo

A inteligência colorida pelo desejo é uma inteligência impura e distorce a Verdade. A vontade colorida pelo desejo é uma vontade impura e ela põe uma forma de distorção, dor e imperfeição sobre a atividade da alma. O pensamento e vontade têm que permanecer desligados do desejo, emoção perturbadora, impulso dominador ou que distrai. Para isso é necessário auto-governo, igualdade e calma.

Seu princípio mais interior deve ser: ser equânime e uno em todas as coisas em espírito, compreensão, mente, coração, e consciência natural, mesmo na mais física, e fazer todas as suas operações, qualquer que seja, sempre e individualmente plenas da divina equanimidade e calma, qualquer que seja a adaptação exterior à coisa a ser feita.

Uma sábia impessoalidade, uma imóvel igualdade, uma universalidade que vê todas as coisas como manifestações do Divino, a existência una, não ser irritado, perturbado, impaciente, ou excitado, super-ansioso e precipitado, mas ver que a lei deve ser obedecida e o passo do tempo respeitado; observar e compreender com simpatia a realidade das coisas e seres; olhar também por detrás da presente aparência a seus significados interiores, e à frente, ao desenrolar de suas possibilidades divinas, é a primeira necessidade.

O primeiro passo para a igualdade é a conquista de nosso ser emocional e vital. Desejo é a impureza do prana, o princípio vital. Não é um ascético matar do impulso vital e de suas utilidades, mas sua transformação. A função do prana é desfrutar, mas o real desfrutar da existência é uma Ananda Espiritual interior. Toda posse e desfrutar exterior será apenas uma ocasião de uma satisfeita e igual atuação da Ananda espiritual com as formas e fenômenos de seu próprio ser-mundo.

A igualdade da mente será uma parte muito importante da perfeição dos instrumentos da Natureza. Essa igualdade é a mais delicada e difícil de todas. A mente verá na ignorância um conhecimento que está aprisionado e busca ou espera por libertação, no erro uma verdade em atuação que perdeu a si própria ou foi lançada pela mente tateante em formas equivocadas. Um aquietamento do pensamento mental pode ser parte da disciplina, mas deve haver também uma transformação da substância mental. O silêncio do inefável é uma verdade do ser divino, mas a Palavra que procede daquele silêncio é também uma verdade.

Mas a perfeição será maior e mais completa se nós pudermos ter uma igualdade mais ativa – retornar sobre o mundo e o possuir no poder do calmo e igual Espírito. Essa existência pode ser alcançada através de um Yoga de uma igualdade positiva e ativa, em lugar de uma negativa e passiva. Isso requer um novo conhecimento, o da unidade: ver todas as coisas como si próprio e ver todas as coisas em Deus e Deus em todas as coisas. Precisa haver uma identificação do meu si com o Si do Universo, uma visão e um sentimento de unidade com todas as criaturas, uma percepção de todas as energias e resultados como o movimento dessa energia do meu si e portanto intimamente meu próprio. Minha personalidade é agora apenas um centro de ação daquele Si universal.

Igualdade não é apenas mera imobilidade e indiferença, não é um recolher-se de toda experiência, mas uma superioridade às presentes reações da mente e vida. Este é o primeiro segredo do domínio da existência pela alma.

A primeira tarefa do sadhaka é ele ver se tem a perfeita igualdade, quão longe ele já foi nessa direção ou ainda onde está a falha, e exercitar firmemente sua vontade em sua natureza, ou convidar a vontade do Purusha para livrar-se do defeito e de suas causas. Existem quatro coisas que nós devemos ter:

  1. Igualdade, no mais concreto e prático sentido da palavra, liberdade das preferências mentais, vitais e físicas, uma calma aceitação de todos os trabalhos do Divino, dentro e em torno de si;

  2. Uma firme paz e ausência de toda perturbação e inquietação;

  3. Uma positiva alegria espiritual interior, e bem estar espiritual do ser natural que nada pode diminuir;

  4. Uma límpida alegria e riso da alma abraçando a vida e a existência.

O sadhaka deve estar na observação como o Purusha testemunha e vontade por detrás e, tão logo possa, acima da mente, e repelir mesmo o menor indício ou incidência de perturbação, ansiedade, aflição, revolta, inquietação em sua mente. Se essas coisas vêm, ele deve imediatamente detectar sua fonte, o defeito que elas indicam, a falha de clamor egoístico, desejo vital ou idéia da qual elas partem, e isto ele deve desencorajar por sua vontade, sua inteligência espiritualizada, sua unidade de alma com o Mestre de seu ser. Quando a perturbação é muito forte para ser lançada fora, ela deve ser permitida passar, e seu retorno desencorajado por uma maior vigilância da buddhi.

Deve haver uma constante insistência em uma única idéia principal, a auto-entrega ao Mestre de nosso ser, Deus dentro de nós e no mundo. Essa completa auto-entrega deve ser o principal suporte do sadhaka.

Uma vez atingida essa calma, as preferências mentais e vitais perdem sua força perturbadora, apenas permanecem como um hábito formal da mente, tornam-se um mecanismo ainda necessário como indicador da direção na qual a Shakti quer ir, ou presentemente é feita inclinar-se pelo Mestre de nosso ser. Então pode vir a realidade viva da percepção de que tudo em nós é feito e dirigido pelo Mestre de nosso ser, que antes era apenas forte idéia e fé.

O primeiro resultado é uma crescente caridade e tolerância interior para com todas as pessoas, idéias, visões, ações, porque é visto que o Divino está em todos os seres, e cada um age de acordo com sua natureza e sua presente formulação.