CASA Sri Aurobindo - Núcleo para o Livre Desenvolvimento da Consciência

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RENASCIMENTO
(Reencarnação)

Letters On Yoga, Volume 1, seção 8 – Sri Aurobindo

A Alma nasce cada vez, e cada vez uma mente, vida e corpo são formados a partir dos materiais da natureza universal, de acordo com a evolução passada da alma e sua necessidade para o futuro.

Quando o corpo é dissolvido, o vital vai para o plano vital e aí permanece por um tempo, mas após um tempo o invólucro vital desaparece. O último a dissolver-se é o invólucro mental. Finalmente a alma ou ser psíquico retira-se para o mundo psíquico para repousar ali até que um novo nascimento esteja próximo.

Esse é o curso geral para os seres humanos ordinariamente desenvolvidos. Existem variações de acordo com a natureza do indivíduo e seu desenvolvimento. Por exemplo, se o mental é fortemente desenvolvido, então o ser mental pode permanecer; assim também pode o vital, desde que eles sejam organizados por, e centrados em torno do verdadeiro ser psíquico, eles partilham da imortalidade do psíquico.

A alma obtém os elementos essenciais de suas experiências na vida e faz dela (a vida) a base de crescimento na evolução; quando ela retorna ao nascimento ela toma com os invólucros mental, vital e físico o tanto de seu Karma quanto for de utilidade na nova vida para mais experiência.

É realmente para a parte vital do ser que sraddha e ritos são feitos – para auxiliar o ser a livrar-se das vibrações vitais que ainda o prendem à terra ou aos mundos vitais, de modo que ele possa passar rapidamente para seu repouso na paz psíquica.

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Após deixar o corpo, a alma, após certas experiências em outros mundos, lança fora sua personalidade mental e vital e vai repousar para assimilar a essência de sua vida passada e preparar-se para uma nova vida. É essa preparação que determina as circunstâncias do novo nascimento e a guia em sua reconstituição de uma nova personalidade e na escolha de seus materiais.

A alma que partiu retém a memória de suas experiências passadas apenas em sua essência, não em sua forma detalhada. É apenas se a alma traz de volta alguma personalidade ou personalidades passadas como parte de sua presente manifestação que é possível para ela lembrar-se de detalhes de vidas passadas. De outra maneira, é apenas por Yogadrishti que essa memória vem.

O Karana-Purusha é o que é chamado por nós de o ser central, o Jiva. Ele permanece acima do jogo, suportando-o sempre.

Pode haver o que parece ser movimentos retrógrados, mas esses são apenas como movimentos em zig-zag, não uma queda real, mas um retorno sobre algo não elaborado de modo a ser melhorado posteriormente. A alma não volta à condição animal; mas uma parte da personalidade vital pode desligar a si própria e reunir-se a um nascimento animal para aí desenvolver suas propensões animais.

Não existe nenhuma verdade na crença popular sobre o homem avarento tornando-se uma serpente. Essas são superstições populares românticas.

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A alma, após deixar o corpo, viaja através de diversos estados ou planos até que o ser psíquico tenha deixado seus invólucros temporários, então ela alcança o mundo psíquico onde ela repousa em uma espécie de sono até que esteja pronta para a reencarnação. O que ela mantém com ela da experiência humana afinal é apenas a essência de tudo que ela passou, o que ela pode utilizar para seu desenvolvimento. Essa é a regra geral, mas isso não se aplica a casos excepcionais ou a seres muito desenvolvidos que alcançaram uma consciência muito maior que o nível humano ordinário.

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É possível entrar em contato direto com almas que já partiram enquanto elas estão perto o suficiente da terra (é usualmente suposto por aqueles que tem experiência oculta, que é por três anos apenas) ou se elas são apegadas à terra ou se elas são daquelas que não prosseguem para o plano psíquico mas detém-se próximo à terra e são logo reencarnadas.

Afirmações universais não podem ser feitas facilmente acerca dessas coisas – existe uma linha geral, mas casos individuais podem variar em uma medida quase indefinida.

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Existe após a morte um período em que a alma passa através do mundo vital e vive aí por um tempo. É apenas a primeira parte desse trânsito que pode ser perigoso ou doloroso; no restante elabora-se, sob certas condições, o remanescente dos desejos e instintos vitais que se tinha no corpo. Tão logo se esteja cansado deles e capaz de ir além, o invólucro vital é deixado e a alma, após um tempo necessário para livrar-se de alguns remanescentes mentais, passa a um estado de repouso no mundo psíquico e permanece aí até sua próxima vida na terra.

Pode-se auxiliar almas que partiram pela boa vontade ou por meios ocultos, se houver o conhecimento. A única coisa que não se pode fazer é segurá-las pela tristeza por elas ou saudades ou por tudo que poderia puxá-las para próximo da terra ou atrasar sua jornada para seu lugar de repouso.

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Pode acontecer que alguns não se dêem conta, por um curto tempo, de que eles estão mortos, especialmente se a morte tiver sido não prevista e repentina, mas não se pode dizer que isso acontece a todos ou à maioria. Alguns podem entrar em um estado de semi-inconsciência ou obsessão por uma escura condição interior criada por seu estado de mente na hora da morte, no qual eles não se dão conta de onde eles estão, etc. Outros são totalmente conscientes da passagem. É verdade que o ser que partiu permanece por algum tempo, no ser vital, próximo do corpo ou do cenário de sua vida muito freqüentemente por até oito dias e, nas religiões antigas, mantras e outros meios eram usados para a separação. Mesmo após a separação do corpo, uma natureza muito apegada à terra ou alguém cheio de desejos físicos fortes pode permanecer por muito tempo na atmosfera terrestre até um período máximo de três anos. Depois, ele passa aos mundos vitais, prosseguindo sua jornada que deve mais cedo ou mais tarde trazê-lo ao repouso psíquico até a próxima vida. É verdade também que tristeza e lamentação pela morte impede seu progresso mantendo-o atado à atmosfera da terra e puxando-o de volta de sua passagem.

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Inferno e céu são freqüentemente estados imaginários da alma, ou antes, do vital, que ela constrói em torno de si após seu passamento. O que se quer dizer com inferno é uma dolorosa passagem através do vital ou o permanecer aí, como por exemplo, em muitos casos de suicídio onde se permanece cercado pelas forças de sofrimento e perturbação criadas por essa não natural e violenta saída. Existem, naturalmente, também mundos de mente e mundos vitais que são penetrados com experiências deleitosas ou experiências escuras. Pode-se passar através dessas como o resultado de coisas formadas na natureza que criam as afinidades necessárias, mas a idéia de recompensa ou retribuição é uma grosseira e vulgar concepção que é um mero erro popular.

Não existe nenhuma regra de completo esquecimento no retorno da alma para o renascimento. Existe, especialmente na infância, muitas impressões da vida passada que podem ser fortes e vívidas o suficiente, mas a educação materializadora e a influência do ambiente impedem o reconhecimento de sua verdadeira natureza. Existe mesmo um grande número de pessoas que têm recordações definidas de uma vida passada. Mas essas coisas são desencorajadas pela educação e pela atmosfera e não podem permanecer ou se desenvolver; em muitos casos elas são sufocadas na existência. Ao mesmo tempo deve ser notado que o que o ser psíquico leva consigo e traz de volta é ordinariamente a essência das experiências que ele teve nas vidas anteriores, e não os detalhes, de modo que você não pode esperar a mesma memória que se tem da existência presente.

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O mundo psíquico não se comunica com a terra – de qualquer maneira, não desse modo. E o fantasma ou espírito que surge nas sessões não é o ser psíquico. O que vem através do médium é uma mistura do subconsciente do médium (subconsciente no sentido ordinário, não no sentido yóguico) e o dos participantes da sessão, invólucros vitais deixados pelos que partiram ou talvez ocupados ou usados por algum espírito ou algum ser vital, o que partiu ele próprio em seu invólucro vital, ou ainda algo assumido para a ocasião (mas é a parte vital que se comunica), elementais, espíritos do mundo físico vital mais baixo próximo da terra, etc. Uma horrível confusão na maior parte das vezes – um hocus-pocus de toda sorte de coisas vindo através de um médium de cinza luz e sombras astrais. Muitos comunicantes parecem ser pessoas que partiram há pouco tempo para um mundo sutil onde eles se sentem rodeados por uma melhorada edição da vida terrestre e pensam que este é o real e definitivo outro mundo depois da terra – mas que é uma mera prolongação otimista de idéias e imagens e associações do plano humano. Esse então é o próximo mundo como descrito pelos "guias" espirituais e outros comunicadores de sessões.

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Escrita automática e sessões espirituais são manifestações muito misturadas. Parte vem da mente subconsciente do médium e parte da mente subconsciente dos presentes. Mas não é verdade que tudo pode ser reputado a uma imaginação e memória dramatizadoras. Algumas vezes existem coisas que nenhum dos presentes poderia saber ou lembrar; algumas vezes mesmo, embora seja mais raro, vislumbres do futuro. Mas usualmente essas sessões colocam a pessoa em comunicação (rapport) com um mundo muito baixo de seres e forças vitais, eles próprios obscuros, incoerentes ou enganosos e é perigoso associar-se a eles ou submeter-se a qualquer influência. Ouspensky e outros devem ter passado por esses experimentos com uma mente muito "matemática", que foi sem dúvida sua proteção mas impediu-os de chegar a algo mais que uma visão intelectual superficial de seu significado.

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Eu posso compreender o choque que a morte catastrófica de sua esposa deve ter causado em você. Mas você é agora um buscador e sadakha da Verdade e deve elevar sua mente acima das reações normais do ser humano e ver as coisas em uma maior e mais ampla luz. Considere sua falecida esposa como uma alma que estava progredindo através das vicissitudes da vida de Ignorância – como todos os outros aqui; nesse progresso acontecem coisas que parecem ser desafortunadas para a mente humana e uma morte repentina acidental ou violenta interrompendo prematuramente essa sempre breve manifestação de experiência terrestre que nós chamamos vida parece especialmente doloroso e desafortunado. Mas aquele que alcança atrás da aparência exterior sabe que tudo o que acontece no progresso da alma tem seu significado, sua necessidade, seu lugar na série de experiências que estão conduzindo-o em direção ao ponto de mudança onde se pode passar da Ignorância para a Luz. Ele sabe que o que quer que aconteça na Divina Providência é para o melhor, mesmo se à mente pareça ser de outra forma. Olhe sua esposa como uma alma que ultrapassou a barreira entre dois estados de existência. Auxilie sua jornada ao seu lugar de repouso por pensamentos calmos e peça a Ajuda Divina para auxiliá-la nisso. Tristeza muito prolongada não auxilia mas atrasa a jornada da alma que partiu. Não se atenha a sua perda, mas pense somente no bem estar espiritual dela.

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